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  • Foto do escritorRayane Figueiredo

O contador de histórias da Zona Oeste

Atualizado: 9 de abr.

Jornalista escreveu livro sobre a região e montou curso para narrar a crianças e jovens acontecimentos importantes do lugar que concentra 41% da população da cidade do Rio


Jornalista e escritor André Luis Mansur com um de seus livros - Foto: Rayane Figueiredo

Tudo começou durante uma pesquisa para o jornal O Globo sobre os 500 anos do Brasil, o jornalista André Luis Mansur Batista percebeu que a maioria das histórias do Rio de Janeiro se concentrava no Centro e na Zona Sul da cidade. Da Zona Oeste, a mídia normalmente destacava a violência. Ele decidiu fazer o caminho inverso, escrevendo sobre as coisas boas da região. Aos 53 anos, o jornalista formado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) se dedica a narrar a história da Zona Oeste da cidade.



"Histórias de Santa Cruz", livro publicado por André Luis Mansur e Guaraci Rosa sobre bairro localizado na Zona Oeste do Rio - Foto: Rayane Figueiredo


Ao longo de sua carreira, Mansur colaborou com veículos como Tribuna da Imprensa, Jornal do Brasil e O Globo, onde publicou mais de cem críticas literárias. Em 2008, lançou o livro “Velho Oeste Carioca: De Deodoro a Sepetiba", com eventos importantes da Zona Oeste do Rio de Janeiro.


De acordo com dados do Data.Rio | Instituto Pereira Passos, a Zona Oeste do RJ é a segunda região mais populosa da Cidade Maravilhosa, com mais de 2,6 milhões de habitantes - 41% da população carioca. Mas, na avaliação de Mansur, nascido e criado em Marechal Hermes, a Zona Oeste não recebe a devida atenção do poder público. "Desde o início das minhas pesquisas, percebi uma discriminação geográfica que negligenciava a riqueza cultural e histórica da Zona Oeste. Eu nunca encontrava livros sobre essa região nas bibliotecas por onde passei no centro do Rio."


André Luis Mansur - Foto: Rayane Figueiredo

Para André, conhecer a história é um ato de cidadania fundamental, pois permite que as pessoas reivindiquem melhorias em seus bairros com base no conhecimento sobre sua formação e características. Ele acredita que o conhecimento histórico fortalece os laços de identificação entre os moradores e sua terra natal, sejam eles antigos residentes ou recém-chegados de outros lugares. O escritor ressalta que um povo que desconhece seu passado está suscetível à manipulação e que o amor por algo está intrinsecamente ligado ao conhecimento de sua história e raízes, assim como qualquer outro relacionamento que temos.


Além de seu trabalho como jornalista e escritor, André tem projetos para perpetuar o conhecimento sobre a história da Zona Oeste. Ele desenvolveu o curso "História da Zona Oeste", que aborda a história dessa região em quatro aulas, incluindo histórias de Deodoro a Santa Cruz, como a Fábrica de Bangu, os bondinhos em Campo Grande, as Fazendas de Paciência e muito mais. O objetivo é compartilhar seu conhecimento e conscientizar as pessoas sobre a importância de conhecer suas raízes e identidade. O escritor também participa de rodas de conversa e bate-papos com crianças e adolescentes das escolas locais. "Sinto um carinho imenso ao transmitir tudo o que escrevo e estudo sobre essa região. É um tema atual e deve ser incentivado", diz o escritor.


Mansur também tem o hábito de deixar livros nos trens, principalmente nas composições do ramal de Santa Cruz. Quando o trem chega à estação final, na Central do Brasil, no Centro do Rio de Janeiro, ele espera todos desembarcarem, retira um livro de sua mochila, coloca-o no canto de um banco e segue seu caminho, sem olhar para trás. Essa é a maneira peculiar e generosa do escritor compartilhar suas histórias com os passageiros e deixar um legado literário por onde passa.

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